Camilo Castelo Branco
Fernando Pessoa
José Saramago
Sttau Monteiro
Outros
Fernando Pessoa

 

O SEBASTIANISMO

 

O conceito de sebastianismo prende-se com a ideologia messiânica que atravessou de forma singular a história portuguesa desde o século XVI, consistindo na crença no advento iminente de um rei libertador.

 

D. Sebastião tinha desaparecido na batalha de Alcácer Quibir e o povo português não acreditava (ou os responsáveis pelo poder fizeram-no não acreditar) que um rei tão jovem e tão desejado (daí o cognome de O Desejado) tivesse morrido nessa batalha. Alimentou-se o suposição de que estava ainda vivo e de que voltaria ao reino, numa manhã de nevoeiro, montado num cavalo branco (deste modo se criava um cenário mais fabuloso!...), para estabelecer o direito e a justiça entre os povos oprimidos.

 

O "sebastianismo" converteu-se, assim, em mito, na "esperança de melhores dias, de felicidade nacional, de justiçam e de grandeza". O regresso de D. Sebastião, o bom rei Encoberto, seduziu, pois, muita gente que via nessa crença a esperança de salvação da Pátria.

 

O sebastianismo, todavia, não foi apenas a fé no regresso de D. Sebastião, sobrevivente de Alcácer Quibir, mas englobava um conjunto de temas messiânicos sucessivamente reelaborados em contextos de crise e de indefinição política. Formulado pela primeira vez nas Trovas do sapateiro Gonçalo Anes (o Bandarra), em meados do século XVI, o mito de um rei Encoberto, salvador, reapareceu durante o período filipino na sua forma sebástica, sendo em vários momentos encarnado por figuras que se fizeram passar por D. Sebastião (o «rei de Penamacor», o «rei da Ericeira», o «Calabrês»).

 

Após a Restauração, o padre António Vieira continuou a divulgar os textos do Bandarra e ampliou a profecia à ideia de um Quinto Império Português, em que se cruzavam temas históricos e bíblicos. Depois de D. João IV, o rei Encoberto foi sucessivamente identificado com D. Afonso VI, D. Pedro II e D. João V, reaparecendo no contexto das invasões francesas e no miguelismo.

 

Como tema popular, o sebastianismo assumiu enorme importância, como já foi dito, dando expressão a um desejo persistente de libertação da miséria e opressão quotidianas. Até aos nossos dias, a mística nacional-sebastianista, com traços saudosistas e decadentistas, foi integrada na chamada «filosofia portuguesa» e entrou no pensamento e nas obras de figuras como Leonardo Coimbra, Jaime Cortesão, Teixeira de Pascoaes e Fernando Pessoa, entre outros.

 

 

 

Publicado por

Joaquim Matias da Silva

 

Voltar

  Início da página

 

© Joaquim Matias  2010/2013

 

 

 

 Páginas visitadas