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Fernando Pessoa

 

 PADRE ANTÓNIO VIEIRA

 

Sacerdote e orador português, partiu para o Brasil com a família aos seis anos de idade. Frequentou o Colégio dos Jesuítas, na Baía, tendo ingressado na Companhia de Jesus em 1623.

 

Ordenado sacerdote em 1635, já então proferira alguns sermões e se iniciara na catequização dos indígenas. Em 1641, viajou para Portugal, integrando a comitiva de reconhecimento e homenagem ao novo monarca, D. João IV.

Veio a conquistar a estima do rei, que o fez seu confessor, conselheiro e pregador da corte, e o encarregou de algumas embaixadas na Europa. Ocupou, assim, um lugar de destaque na vida do país; a sua intervenção na política nacional através da actividade de pregador, que se saldara já     por    denúncias    e    críticas  à  injustiça e à

corrupção de colonos e administradores no Brasil, prosseguiu então, com o estímulo do combate à Coroa espanhola.

 

Tal passaria, segundo Vieira, pela moderação da perseguição inquisitorial aos cristãos-novos, de forma a salvaguardar os capitais destes e a sua contribuição para a guerra de independência. Tal posição valeu-lhe alguns ódios e o rancor da Inquisição. A sua luta em prol dos direitos dos índios brasileiros originou também reacções por parte dos colonos: de regresso ao Brasil, em 1652, Vieira foi portador de um decreto de libertação dos índios. Foi esta a sua fase de mais intensa acção evangélica. Entretanto, morto D. João IV, seu protector, e tendo deflagrado conflitos entre os colonos e os missionários, estes últimos foram expulsos do Maranhão. Vieira, entre outros, foi levado, em 1661, como prisioneiro para Lisboa.

 

António Vieira foi, que se saiba, o primeiro escritor a profetizar o Quinto Império Português.

Data do ano seguinte o seu " Sermão da Epifania", constituindo uma defesa dos missionários e um ataque aos colonos. Apoiante de D. Pedro, foi perseguido pelos partidários de D. Afonso VI. Entretanto, a Inquisição, acusando-o de heresia, instaurou-lhe um processo e prendeu-o, entre 1665 e 1667. As acusações dirigiam-se à crença messiânica e visionária de Vieira.

Apoiado nas "Trovas" do Bandarra e nas Sagradas Escrituras, profetizava a ressurreição de D. João IV, a quem caberia a concretização do Quinto Império Português, que coincidiria com o reino de Cristo na Terra.

 

Entre 1669 e 1675 permaneceu em Roma e, de volta a Lisboa, iniciou a publicação dos seus Sermões. Regressou à Baía em 1581, tendo sido superior das missões do Brasil e Maranhão e, ainda, visitador do Brasil (1688).

A obra de António Vieira, de que é indissociável a sua intensa acção como homem público, compõe-se de cerca de 200 sermões, mais de quinhentas cartas e uma série de documentos vários, de política, diplomacia, profecia, religião, etc. Neles demonstra uma profunda capacidade de análise e denúncia dos vícios humanos, com grande realismo e inteligência implacável na sua acção moralista. Simultaneamente, Vieira foi o visionário do Quinto Império, o idealista utópico e profético de um messianismo em que que se conjugavam as crenças sebastianistas tradicionais e as crenças messiânicas de origem judaica.

 

Considerado frequentemente um dos paradigmas da prosa clássica portuguesa, foi o maior orador sacro da literatura do país e, simultaneamente, um dos maiores apologistas do messianismo nacional, que justificava todo o seu empenho na valorização e reforma da economia e na força política do país.

 

(in História Universal de Portugal, Texto Editora)

 

 

 

 

 

Publicado por

Joaquim Matias da Silva

 

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