Principal Sousa -
D. José António de Meneses e Sousa
Coutinho
O discurso que vai proferindo é
eminentemente eclesiástico. Para isso contribuem as
citações bíblicas (exemplo de intertextualidade), que deturpa em função dos seus
interesses, e as metáforas estereotipadas (p.36).
Demagogo, tem consciência de que o poder dos reis é
injusto, mas teme que o povo saia da ignorância em que
vive (pp. 36-37). É que o ignorante é facilmente
manipulável...
O Principal
Sousa, numa representação da peça.
Mostra-se falsamente paternalista e compreensivo (p.
36).
Detesta Beresford, mas é incapaz
de manter com ele uma discussão séria e frontal (p. 59).
Prelado hipócrita, dá a entender que hesita aquando da
condenação do general, mas essa sua atitude não passa de
um comportamento à Pôncio Pilatos, pois acaba por
encontrar uma justificação mesquinha que o parece
tranquilizar relativamente ao seu acto, a todos os
títulos condenável: “Agora me lembro de que há anos, em
Campo d’Ourique, Gomes Freire prejudicou muito a meu
irmão Rodrigo!” (p. 72).
Matilde e
Principal Sousa - TEP, 2004.
Matilde acusa-o frequentemente de falsidade e infâmia
e deixa-o completamente desarmado ao apontar os vícios
em que vivem e com que são alimentados os representantes
da Igreja (pp. 121, 123, 124, 134).
Execrável, com falta de valores
éticos, esta personagem consubstancia o conluio entre a
igreja, enquanto instituição, e o poder instituído, ao
demitir-se, de forma aviltante, da sua missão de lutar
em prol do amor e da justiça. Nas palavras do Principal Sousa, é
igualmente possível detectar os fundamentos da política
do "orgulhosamente sós" dos anos 60.
Encarna, como já foi sugerido, o poder da Igreja e da sua ingerência nos
negócios do Estado.
Joaquim Matias da Silva
Saiba,
aqui, quem foi, na
verdade, o Principal Sousa.