Conhecido por Principal Sousa, o
seu nome verdadeiro era D. José António de Meneses e
Sousa Coutinho. Durante a ausência do Rei D. João VI, no
Brasil, fez parte, juntamente com D. Miguel Pereira
Forjaz e o general inglês William Carr Beresford, da
Regência do Reino até ao pronunciamento de 24 de Agosto
de 1820.
Matilde,
Principal Sousa, D. Miguel Forjaz e Beresford,
por Fernanda Alves, Varela Silva, Vítor Ribeiro
e
Jacinto Ramos - T. N. D. Maria II (1978).
Irmão do conde do Funchal,
Domingos de Sousa Coutinho, embaixador em
Londres que negociou a ajuda inglesa, aquando
das invasões francesas, e do Ministro do Rei, D.
Rodrigo de Sousa Coutinho, 1º Conde de Linhares,
é a este último que ele se refere na peça
Felizmente Há Luar! de Sttau Monteiro, quando
afirma: "Agora me lembro de que há anos, em
Campo d' Ourique, Gomes Freire prejudicou muito
a meu irmão Rodrigo" (Acto I, p.72)
Como representante do Clero na
Regência, o Principal Sousa reconhece que Portugal
necessitava do regresso do Rei, como o demonstra em
carta de 1 de Junho de 1817, quando diz "só a Real
Presença dará a felicidade a este Povo e poderá
regenerar esta Nação que não aspira por outra fortuna
que a de ver Vossa Majestade".
Na obra de Sttau Monteiro, a
propósito da emergência da conspiração revolucionária de
1817, o Principal Sousa surge-nos como um fanático que,
a coberto de um poder eclesiástico hipocritamente
deturpado e eivado de uma pseudo-legitimidade, não tem
pejo em tornar público o seu ódio aos Franceses,
acusados de "transformaram esta terra de gente pobre mas
feliz, num antro de revoltados!". A certa altura, chega
até a afirmar, preocupado e com medo, que "por essas
aldeias fora é cada vez menor o número dos que
frequentam as igrejas e cada vez maior o número dos que
só pensam em aprender a ler…", o que não é de todo de
admirar, asseveramos nós, face a exemplos tão pouco
dignos como o seu.
Temos, no entanto de dizer, a bem
da verdade, que ele, ainda no acto I, quando se
preparava a tramóia contra o general Gomes Freire de
Andrade, tenta várias vezes alertar para o facto de não
concordar com a condenação de um inocente (pp. 60-61).
Ainda no mesmo acto, não esconde a sua pouca simpatia
por Beresford: “Não lhe oculto que não gosto de si, Sr.
Marechal, mas sei que no momento presente preciso do seu
auxílio” (p. 59). Também no acto II, vacila um pouco,
numa confissão de impotência e, simultaneamente, numa
crise de honestidade, perante o discurso acusador e
agressivo de Matilde (p. 134) e face à postura correcta
e sub-repticiamente condenatória de Frei Diogo (pp. 126
e seguintes).