DOMÍNIO DESPÓTICO DE
WILLIAM BERESFORD EM PORTUGAL
Militar de carreira desde os
dezassete anos, William Carr Beresford nasceu em 1768 e
faleceu em 1854. Participou em várias campanhas contra
as tropas napoleónicas.
Em 1807, em resposta a um
pedido do governo português, foi enviado pela
Grã-Bretanha para reorganizar e disciplinar o
exército português, após a primeira invasão
francesa. Na altura, com trinta e nove anos, era
já general.
Os primeiros contactos com
Portugal estiveram relacionados com a sua estada
na Madeira, a pedido do príncipe regente D. João
(ausente no Brasil), para evitar a ocupação da
ilha pelos franceses. Esteve aí como governador
e comandante-chefe, durante seis meses. Foi
nomeado generalíssimo do exército português em 7
de Março de 1809, e, a partir daí, a sua posição
ganhou cada vez mais relevância em Portugal.
Pela sua severidade e
espírito de disciplina que incutia aos homens
que comandava, conseguiu fazer do exército
português um corpo coeso e vitorioso contra os
franceses, durante as segunda e terceira
invasões, nomeadamente em Roliça, Vimeiro,
Almeida e Buçaco.
Após a queda de Napoleão,
desenvolveu uma acção severamente repressiva,
reprimindo as novas ideias liberais.
Via conspirações por todo o
lado, ordenando, inclusive, a morte do general benquisto
pelo povo, Gomes Freire de Andrade, em 1817, acusado de
provocar uma conjura. Foi, aliás, baseado neste facto
que Luís de Sttau Monteiro escreveu a sua peça de teatro
Felizmente Há Luar!
Não admira, pois, que Beresford
tenha criado muitos inimigos, mesmo no seio do exército,
porque os altos postos de comando eram entregues aos
ingleses enquanto aos militares portugueses eram
atribuídos os postos secundários. Entretanto, a corte
continuava no Brasil, e como não encontrava apoio da
regência para as suas atitudes repressivas, o
generalíssimo deslocou-se duas vezes ao Rio de Janeiro
(1815 e 1820) para reforçar ainda mais a sua autoridade
política junto de
D. João VI. Da segunda vez, conseguiu
que o monarca o nomeasse, por carta patente de 29 de
Julho de 1820, marechal-general do exército português,
só que, quando chegou ao porto de Lisboa, já tinha
rebentado a Revolução Liberal (24 de Agosto de 1820) e a
Junta Provisional de Lisboa obrigou-o a seguir
directamente para Inglaterra.
Ainda voltou a pisar solo
português, em 1827, chamado pela então regente D. Isabel
Maria, mas não foi sequer autorizado a assumir o comando
do exército português.
Tinha, no nosso país, entre outras
regalias, os títulos de Conde de Trancoso, Marquês de
Campo Maior e Duque de Elvas.