Camilo Castelo Branco
Fernando Pessoa
José Saramago
Sttau Monteiro
Outros
Sttau Monteiro
 

GOMES FREIRE DE ANDRADE - Tenente-general

 

 

(Viena, Áustria, 27.1.1757 - 1817). Filho de Ambrósio Pereira de Berredo ou Ambrósio Freire de Andrade, que exercia então funções diplomáticas e casara nessa capital com uma
senhora da aristocracia da Boémia.

A ascendência paterna ligava-o à nobreza do reino, a uma família em que se haviam distinguido seus mais próximos parentes por grandes serviços no ultramar. A morte do pai (1770), que ue deixara a casa muito empenhada, obrigou-o a permanecer ainda alguns anos em Viena, e só à protecção e à influência do duque de Lafões, então residente nessa corte, deveu a possibilidade de vir para Portugal, onde o acolheu a benemerência da rainha D. Maria I.

(...)

 

 

A ascendência paterna ligava-o à nobreza do reino, a uma família em que se haviam distinguido os seus mais próximos parentes por grandes serviços no ultramar. A morte do pai (1770), que deixara a casa muito empenhada, obrigou-o a permanecer ainda alguns anos em Viena, e só à protecção e à influência do duque de Lafões, então residente nessa corte, deveu a possibilidade de vir para Portugal, onde o acolheu a benemerência da rainha D. Maria I.

(...)

 

GOMES FREIRE DE ANDRADE, cujos apelidos Pereira e Castro herdara de seu avô materno e quase não usou, inicia a sua vida militar como cadete em 1782, e no mesmo ano foi promovido a alferes de regimento de infantaria de Peniche. Em 1784 fez parte da expedição hispano-lusa contra Argel, batendo-se de forma valorosa, e em 1788, no posto de sargento-mor, foi enviado à Rússia, onde notavelmente se destacou na guerra contra os Turcos, sendo dos primeiros oficiais a entrar em Oczakov. Por decreto de 1790 foi promovido a coronel, mantendo a garantia do soldo durante a permanência no estrangeiro.

 

Voltou em 1793, nas vésperas da partida da divisão auxiliar portuguesa para a guerra do Rossilhão, em que continuou a bater-se briosamente, e depois, já marechal de campo desde 1795, tomou parte na luta de 1801 com a Espanha (Guerra das Laranjas). Em 1806 GOMES FREIRE DE ANDRADE podia realmente afirmar: "Três Guerras, em que me achei servindo em diversos Paízes, e nos Exércitos de differentes Nações..." A partir de 1808 retoma a actividade guerreira, como segundo comandante da Legião Portuguesa, corpo de tropas posto ao serviço da política napoleónica nas guerras aventurosas pelo domínio da Europa, da Espanha à Rússia, e cujos componentes se cobriam muitas vezes da glória das armas.

 

No princípio de Junho de 1814, já derrotado Napoleão, voltou a Paris «pobre como Job», onde preparava a justificação suficiente para no regresso se livrar «da Torre de Belém e do Limoeiro» ou não «cair nas mãos dos desembargadores», pois não combatera contra o seu país. Aceite a sua defesa, patrocinada por personalidades influentes da sociedade portuguesa, reabilitado, recuperados a sua casa e o seu posto na hierarquia militar, regressara a Lisboa em disposição de «pendurar a espada», como anunciara. Mas o seu temperamento combativo e inconstante, a vaidade de julgar que ainda desfrutava o prestígio que o conduzira ao desempenho de missão eminente, acima das correntes doutrinárias que então se debatiam, levam-no a envolver-se na conspiração de 1817, de que, afinal, havia de ser a vítima mais destacada.

 

A sua graduação na Maçonaria, activíssima por esse tempo, e a ideologia revolucionária que lhe exaltava o ânimo, de natureza franco e inconsequente, não lhe permitiram o repúdio de solicitações e influências comprometedoras. Esmagada a conspiração pelos governadores do reino e por Beresford, foi condenado segundo a praxe judiciária do tempo, exautorado e executado no terreiro do Forte de S. Julião da Barra em 18.10 daquele ano.

 

GOMES FREIRE não morreu inocente. A sua figura e o seu nome não são de um mártir da pátria, mas de uma lastimável vítima da sua época, quando o vendaval revolucionário de 89 ganhava tal amplidão na vida portuguesa que aos defensores da ordem institucional vigente se lhes impunha julgarem, com verdadeira dureza, qualquer tentativa de alteração do sistema governativo.

 

ALMEIDA, M. Lopes de. Enciclopédia Luso-Brasileira. VERBO)

 

Joaquim Matias da Silva

 

Voltar

Início da página

 

© Joaquim Matias 2008

 

 

 

 Páginas visitadas