O descontentamento social, devido às crises económica e
políticas que minavam Portugal sob o regime absolutista
levou à revolução liberal de 1820. O pronunciamento
militar deu-se a 24 de Agosto desse ano, no Porto, e
granjeou forte adesão popular em todo o país.
Gravura
alegórica à Revolução Liberal de 1820.
Sociedade
Martins Sarmento. Guimarães.
O povo
desempenhou, no entanto, um papel secundário nesta
revolução. Foi especialmente a burguesia que esteve no
cerne do movimento, levada não só pelo ideário liberal,
mas também pela ambição política e pela defesa
dos seus interesses económicos, prejudicados com
a residência do rei no Brasil, e a simultânea
decadência da indústria e do comércio na
metrópole.
Com efeito, no pronunciamento militar do Porto
estiveram presentes muitos negociantes e magistrados.
Convém lembrar que a cidade do Porto era,
então, um notável centro de actividade comercial, mercê,
principalmente das transacções da Companhia dos Vinhos
do Alto Douro, a qual originou poderosos comerciantes e
grandes fortunas, representadas pelos chorudos capitais
investidos na companhia e pelos avultados lucros dela
recebidos pelos accionistas.
Entretanto, muitos militares entraram na revolução com o
objectivo de expulsarem Beresford e os oficiais
ingleses, ocupando, assim, os postos deixados por
aqueles.
A 15 de Setembro, foi a vez de os liberais de Lisboa se
sublevarem, expulsando os regentes do reino e
constituindo um governo interino.
Os revolucionários liberais do Porto marcharam então
para Lisboa e em 28 de Setembro, em Alcobaça, os dois
movimentos fundiram-se, elegendo, depois, uma Junta
Provisional do Governo Supremo do Reino.
Para a revolução de 1820, que implantou o
constitucionalismo em Portugal, contribuíram várias
causas: umas de natureza política e doutrinária, outras
de ordem económica e social, como já foi dito. Entre as
primeiras, figura como essencial a expansão das ideias
liberais da Revolução Francesa, expansão favorecida pelo
exemplo da vizinha Espanha e pela ausência da Corte no
Brasil.