D. Pedro IV ficou conhecido como o
Libertador, o Rei-Soldado. Segundo filho de D. João VI e
de sua mulher D. Carlota Joaquina, nasceu em Queluz,
Sintra, a 12 de Outubro de 1798 e tornou-se o herdeiro
da Coroa portuguesa, pela morte de seu irmão
primogénito, D. António.
Com efeito, virá a ser rei
de Portugal de 29 de Março de 1826 a 2 de Maio
do mesmo ano e imperador do Brasil de 1 de
Dezembro de 1822 a 4 de Abril de 1831.
A educação recebida foi
deficiente, porque assente na ideia de que a um
futuro rei convinha aprender a mandar e não a
obedecer. Por outro lado, enquanto jovem, viveu
mais ocupado com cavalgadas e caçadas do que com
estudos sistemáticos.
Sofria de epilepsia e
morreu tuberculoso em 24 de Setembro de 1934.
Face à ameaça das invasões
francesas, embarcou com a corte para o Brasil
(1807), quando tinha apenas nove anos, aí
decorrendo toda a sua infância, adolescência e
parte da sua vida adulta.
As pessoas gostavam dele, embora lamentassem a
sua falta de educação, que aliás ele próprio
reconhecia.
Foi no Brasil que casou, em 1818,
com a arquiduquesa Leopoldina, filha do imperador
Francisco José da Áustria, de quem teve sete filhos.
Adúltero, entregava-se a romances com senhoras da Corte,
cantoras, bailarinas e teve uma grande paixão por
Domitília de Castro, a quem deu o título de marquesa de
Santos e de quem teve quatro filhos bastardos. Em 12 de
Outubro de 1826 enviuvou, tendo casado de novo em 17 de
Outubro de 1829 com a princesa D. Amélia de Beaucharnais,
dama francesa da família de Napoleão, que lhe deu uma
filha.
Com a revolução liberal em
Portugal, os acontecimentos precipitaram-se. D. João VI,
que ainda se encontrava no Brasil com a família real,
decidiu enviar D. Pedro como regente para Portugal. No
entanto, perante a onda de protestos populares no
Brasil, o monarca optou por ser ele próprio a embarcar
para a metrópole, entregando a regência do Brasil (Abril
de 1821) a D. Pedro, que foi coadjuvado por um governo
de que fazia parte José Bonifácio Andrade e Silva. Foram
então promovidas numerosas reformas, nas terras de Vera
Cruz, com o intuito de travar a crise económica e
administrativa que aí se faziam sentir, e também em
consonância com o desenvolvimento da causa
independentista.
A 7 de Setembro de 1822, D. Pedro
recebia ordens de D. João VI consideradas lesivas da
autonomia do reino do Brasil e, em desrespeito à
soberania devida a seu pai, proclamava formalmente, com
o famoso "Grito de Ipiranga" - Independência ou morte - a
independência do Brasil, sendo, pouco tempo depois,
aclamado imperador do Brasil (1 de Dezembro de 1822).
Esta atitude não representou verdadeiramente uma
surpresa para seu pai, que acabou por reconhecer a
independência do Brasil (13 de Maio de 1825).
Com a morte do monarca, em 1826,
surgiu o problema da sucessão, acabando a regente D.
Isabel Maria por decidir tornar D. Pedro rei de
Portugal.
Perante a impossibilidade de
governar os dois reinos, D. Pedro abdicou da Coroa de
Portugal em favor da sua filha mais velha, D. Maria da
Glória. Porém, como esta apenas tinha 7 anos, nomeou D.
Miguel, seu irmão, lugar-tenente de D. Maria da Glória,
depois de o ter obrigado a prometer casar com sua filha
e a jurar a Carta Constitucional. Pouco tempo, no
entanto, durou este juramento. Na verdade, D. Miguel foi
recebido calorosamente no país, em 22 de Fevereiro de
1828, de tal forma que viria a ser proclamado rei
absoluto pelas Cortes (11 de Agosto de 1828). Restaurado
o absolutismo, D. Miguel persegue os liberais e arrasta
o país para uma guerra civil (1832-1834). Muitos
liberais foram expatriados. Viveu-se então um período
conturbado de acesas guerras entre liberais e
absolutistas.
Colocado perante esta situação
insustentável, o imperador do Brasil foi forçado a
abdicar a favor de seu filho, D. Pedro II. Abandonou
então o Brasil, dirigindo-se para a Europa com sua
mulher e filha, no intuito de fazer vingar a causa
liberal e de fazer valer os direitos de sua filha.
Esteve em Paris e Londres. Em finais de 1831,
deslocou-se para os Açores, juntamente com os liberais
expatriados e outros que se juntaram à sua causa. Chegou
à ilha Terceira, a 22 de Fevereiro de 1832. Vinte dias
antes, em 2 de Fevereiro de 1832, tinha retomado o
título de duque de Bragança, assumindo então a regência.
Organizou, na Terceira, um
ministério, do qual faziam parte Mouzinho da Silveira, o
duque de Palmela e Agostinho José Freire, e juntos
prepararam uma expedição militar, cujo objectivo era o
de levar ao trono D. Maria, símbolo da Carta
Constitucional.
Desembarcaram no norte de
Portugal, na praia de Pampelido, a sul de Mindelo, a 8
de Julho de 1832. No dia seguinte entraram no Porto.
Durante meses decorreria uma guerra civil, cujos
acontecimentos mais remarcantes foram, principalmente, o
cerco do Porto, a batalha de Asseiceira e a Convenção de
Évora-Monte.
O conflito prolongou-se até 1834,
ano em que D. Miguel, derrotado, seguiu para o exílio e
em que a Carta Constitucional se impôs. D. Pedro
tinha-se revelado, no decurso desse conflito, um
excelente soldado e estratego. Faleceria, todavia, pouco
depois, no mesmo quarto onde nascera, e cinco dias após
D. Maria II ter subido ao trono (19 de Agosto de 1834).