D. Maria Ana Josefa, arquiduquesa
de Áustria (ou de Habsburgo), nasceu em Lintz, a 7 de
Setembro de 1683. Era filha de Leopoldo da Áustria e de
sua terceira mulher, a imperatriz D. Leonor Madalena
Teresa de Neuburgo, irmã do imperador José, então
reinante.
Escolhida como consorte de
D. João V, rei de Portugal, foi recebida
faustosamente em Lisboa, em 27 de Outubro de
1708, seguindo-se três dias de festejos
públicos.
Oriunda de um país de
grande tradição cultural, organizava saraus nos
seus aposentos, com assistência restrita, em que
ela própria tocava cravo.
Boa mãe, educava os filhos
com inexcedíveis cuidados, porém não isenta de
exageros, nomeadamente no que toca aos aspectos
religiosos, como o comprova este exemplo: quando
o seu filho D. Pedro morreu, com pouco
mais de 2 anos de idade, sepultou-o com o hábito
da Companhia de Jesus, para homenagear S.
Francisco Xavier, de quem era devota.
Aliás o seu fervoroso
catolicismo levou-a a controlar as presenças masculinas
no seu palácio, determinando "que nas antecâmaras as
fidalgas não assistentes no Paço, não falem com homem
algum ainda que sejam parentes muito chegados".
Para as que viviam no Palácio a
regra era outra "podiam falar só a pais e irmãos e tios
irmãos dos pais", mas mesmo assim só na presença de uma
dona de câmara.
Na Quaresma, "correr as igrejas",
era uma prática de devoção para a rainha, acompanhada
pelas damas da sua casa real e elementos femininos da
família. Mesmo fora dessas época, as visitas às igrejas
eram constantes. Madre de Deus, Esperança e São Roque
eram as mais visitadas. Aos domingos, quando se
costumava divertir-se nas" faluas pelo Tejo abaixo",
acompanhada com música de "clarins e atabales", os seus
passeios acabavam, quase invariavelmente, numa visita a
um convento.
Fundou, inclusive, o
convento de S. João Nepomuceno, em Lisboa, onde
quis ser sepultada num magnífico mausoléu.
Em testamento, determinou que, após a morte, o
seu coração fosse levado para Viena de Áustria ,
para o jazigo dos seus antepassados. O certo é
que o corpo da esposa daquele que ficou
conhecido como "o Magnânimo" foi, no dia 16 de
Agosto de 1754, sepultado na igreja do convento
que ela fundou. Mais tarde, em 1780, por vontade
da sua neta D. Maria I, os restos mortais foram
trasladados para um novo mausoléu. Decorria o
ano de 1855, quando D. Fernando, regente na
menoridade de D. Pedro V, decidiu preparar um
novo depósito real em S. Vicente de Fora. Em
consequência disso, os despojos de D. Maria Ana
Josefa de Áustria seguiram para o referido
templo, para junto do seu marido.
Mas, actualmente, o seu túmulo não
se encontra no mosteiro joanino e, ao que parece, terá
sido levado para o museu arqueológico, estabelecido nas
ruínas da Igreja do Carmo.
Esse antigo complexo conventual,
consagrado à devoção do santo trazido pelos religiosos
Carmelitas Descalços Alemães, passou depois a ser
o colégio de Santa Catarina, até à sua integração na
Casa Pia.
A rainha era apaixonada pelas
montarias, por exemplo em Fernão Ferro, onde se caçavam
javalis e raposas. Findas as caçadas, a rainha
mandava armar tendas para que fossem servidos jantares,
jantares que, segundo reza a Gazeta de Lisboa, não eram
restritos, pois toda a gente comia "entre duas fontes de
vinho, em que comeram todos os criados inferiores que
ali se acharam e depois se expôs tudo ao povo".
Foi regente do Reino em 1716 e
1750. Chamou ao governo o Marquês de Pombal, dado que
era grande amiga de sua mulher, austríaca como ela. Três
dos seus filhos sentaram-se no trono: D. José I, rei de
Portugal; D. Bárbara de Bragança, rainha consorte de
Espanha; e D. Pedro III, rei consorte de Portugal.