Freira portuguesa, ficou conhecida
por ter sido a amante mais célebre do rei D. João V.
Chamava-se Paula Teresa da Silva e Almeida e nasceu em
Lisboa em 30 de Janeiro de 1718. Era neta de João Paulo
de Bryt, de nacionalidade alemã, que fora soldado da
guarda estrangeira de Carlos V, e se estabelecera em
Lisboa como ourives. Paula entrou para o convento de
Odivelas aos dezassete anos de idade e ali professou,
após um ano de noviciado.
D. João V, frequentador
assíduo do convento de Odivelas, onde mantinha
várias amantes, que ia substituindo conforme lhe
parecia, ao ver a jovem Paula ficou loucamente
apaixonado por ela. Nessa altura, já a famosa
freira se havia tornado amante de D. Francisco
de Portugal e Castro, conde de Vimioso, o qual
pouco antes tinha sido agraciado com o título de
marquês de Valenças. O soberano não teve
problemas, chamou o fidalgo e ter-lhe-á dito: "Deixa
a Paula, que eu te darei duas freiras à tua
escolha". Assim se fez, e soror Paula passou a
ser amante predilecta do rei, que era trinta anos mais velho
do que ela. A influência de Madre Paula sobre o
rei foi imensa.
Fachada do
Palácio que D. João V mandou edificar para a
Madre Paula.
Quem precisasse de um favor do
soberano já sabia que a maneira mais segura de a
conseguir seria recorrer às valiosa protecção da madre
Paula, que era visitada pelo soberano quase todas as noites. A astuta
freira, que sabia muito bem aproveitar-se do rei,
transformou-se, em pouco tempo, numa verdadeira Pompadour.
Um dos exemplos de
arquitectura joanina. Construído em 1739, uns chamam-lhe
Palácio dos Galvões Mexias ou , "na boca popular",
Palácio Pimenta. Segundo alguns, foi construído por D.
João V para a Madre Paula "abadessa de Odivelas a quem
chamavam a Pimenta".
Das numerosas amantes de D. João
V, foi a madre Paula a única que o soube dominar até à
morte. O rei foi extremamente generoso não só com ela
como com a sua família, chegando o pai de Paula a ser
agraciado com o grau de cavaleiro da Ordem de Cristo e a
receber uma tença de doze mil reis e outros benefícios
que lhe permitiram viver à larga. O luxo em que vivia
Paula, no convento de Odivelas, foi bem reproduzido num
documento da época, por Ribeiro Guimarães, no seu Sumário
de Vária História, onde descreve a magnificência
asiática dos aposentos da madre Paula e sua irmã. Para a
servir tinha a madre Paula nove criadas.
Destes amores nasceu um menino que
foi baptizado com o nome de José, como o príncipe
herdeiro, que foi chamado o mais jovem "Menino de
Palhavã" e veio a exercer as funções de inquisidor-geral.
Mais tarde, nos tempos de Pombal, numa discussão,
atirou-lhe com a cabeleira à cara e foi desterrado para
o Buçaco.
A vida desregrada do rei
escandalizava, não só a corte, mas até os súbditos mais
humildes, porém ninguém se atrevia a repreender o régio
devasso. Para se fazer uma ideia da moralidade desse
tempo, bastará recordar o que disse a abadessa D. Feliciana de Milão, às damas da rainha que não se
levantaram, como lhes competia, à sua passagem. "Não se
levanta de graça quem se deita por dinheiro..."
Após a morte do rei, que lhe deixou
uma mesada principesca, continuou no seu recolhimento,
recebendo os grandes que ainda se lhe aproximavam. Assim
se conservou ainda durante trinta e cinco longos anos,
com a altivez de uma soberana em exílio. Faleceu com 67
anos de idade e foi sepultada na Casa do Capítulo do
Convento de Odivelas.
(Condensado de
Enciclopédia Portuguesa Brasileira)