O padre
Lourenço é o
do clero da época: académico e
que tem dúvidas, é um
que sonha com uma
fantástica.
A subversão conhece o seu grau mais elevado no tratamento das grandes figuras históricas. Ao contrário do que acontece no romance histórico de Scott e Tolstoi onde Maria Stuart, Luís XI ou Kutusov são figuras inesquecíveis de recorte epocal, pessoal e humano, em
as figuras
perdem a sua grandeza histórica e são pintadas com as cores da
. São exemplos máximos o rei e a rainha, meros instrumentos da
nacional em produzir um
.
A subversão é ainda transgressão na forma de tratamento das personagens
e Blimunda que assumem, no fundo, o centro do romance ao contrário do que o leitor poderia esperar a partir das páginas iniciais, nas quais Mafra e o casal real se perfilam como núcleo da narrativa.
A
entre Baltasar e Blimunda está fora de todos os
, nomeadamente os sociais da época, tornando-se este par um símbolo da transgressão e de mensagem para fora do seu tempo e para todos os tempos. O casal é instituído em comunhão com o universo numa ligação amorosa
e desviante, sem cânone ou regra de época, alcançando num espaço sem igual uma perfeição que não é deste
. (...)
Este magnífico
é mais uma prova do exercício literário de subversão na escrita transformado em escrita de subversão. A inovação e a transfiguração dos processos narratológicos abrem-nos os sentidos para uma consciência nova em níveis existenciais e literários.
Luís M. O. Cardoso,
“José Saramago, um Prémio Nobel
Levantado do Chão: uma escrita de subversão na subversão da escrita”