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MEMORIAL DO CONVENTO - Sequências narrativas

 

Capítulo

SEQUÊNCIAS NARRATIVAS Págs.

IX

 

* Blimunda e Baltasar mudam-se para a Quinta do Duque de Aveiro, respondendo ao apelo do Padre Bartolomeu, que lhes deu a chave dessa quinta, onde, conjuntamente, irão trabalhar na construção da passarola – "E sendo a Costa do Castelo longe de S. Sebastião da Pedreira (...) decidiu Blimunda que deixaria a casa para estar onde estivesse Sete-Sóis" (pág. 89).

 


 

* Já que Baltasar tem o apelido de "Sete-Sóis", por "ver às claras", o padre Bartolomeu Lourenço vai "baptizar" Blimunda de "Sete-Luas", por "ver às escuras" (página 94). Está, assim, comprovada a complementaridade entre eles.

 

* Visita de Baltasar à quinta, acompanhado de Blimunda. Esta faz uma inspeção, em jejum, à máquina em construção, a fim de descobrir as suas fragilidades.

 

 * São referidos os dotes oratórios do Padre Bartolomeu Lourenço e a concupiscência depravada do rei D. João V, que "vai emprenhando as freiras nos mosteiros, uma após outra, ou várias ao mesmo tempo", de tal modo que "quando acabar a sua história se hão-de contar por dezenas os filhos assim arranjados" (página 95).

 

* O padre Voador partirá em breve para a Holanda, para aprender com os alquimistas a fazer descer o éter das nuvens – "Partirei breve para a Holanda, (...) e lá aprenderei a arte de fazer descer o éter do espaço, (...) porque sem ele nunca a máquina voará" (pág. 96).


* Mais um episódio caricato: a revolta das freiras de Santa Mónica, que saem à rua em protesto, após ser decretada a proibição de receberem visitas de familiares a partir do 2.º grau, numa tentativa de "...pôr  cobro ao escândalo de que são causa os freiráticos, nobres e não nobres, que frequentam as esposas do Senhor e as deixam grávidas no tempo de uma ave-maria, que o faça D. João V, só lhe fica bem, mas não um joão-qualquer ou um josé-ninguém" (página 97).

 

* Baltasar e Blimunda irão viver para Mafra. Antes de partir, assistem a uma tourada no Terreiro do Paço - "vamos às touradas, que é bem bom divertimento" (pág. 98).

 

* A propósito das touradas, é feita mais uma crítica à insensibilidade das pessoas, que tiram um prazer sádico ao assistirem a cenas de violência ou ao sentirem o cheiro a carne queimada, sendo feito um paralelismo entre as touradas e o que se passa nos autos-de-fé: "Cheira a carne queimada, mas é um cheiro que não ofende estas narinas [dos homens], habituados que estão ao churrasco do auto-de-fé, e assim que vai o boi ao prato, sempre é um final proveito, que do judeu só ficam os bens que cá deixou" (página 103).

 

* Baltasar e Blimunda partem para Mafra, no dia subsequente às touradas: "Baltasar e Blimunda, sem outro carrego que uma trouxa de roupa e alguma comida no alforge, saíram de Lisboa para Mafra" (pág.104).

JMS

 

 

91-104

 

Escrito e publicado por

Joaquim Matias da Silva

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