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MEMORIAL DO CONVENTO - Sequências narrativas

 

Capítulo

SEQUÊNCIAS NARRATIVAS Págs.

XXII

 

* Casamentos da infanta Maria Bárbara com o príncipe D. Fernando VI de Espanha e do príncipe D. José com a infanta espanhola Mariana Vitória – "Porém, ainda se encontram famílias felizes. A real de Espanha é uma. A de Portugal é outra. Casam-se filhos daquela com filhos desta" (pág. 309).

     Maria Bárbara tem 17 anos feitos, cara de lua cheia, bexigosa, mas é boa rapariga e sabe música...; D. José tem 15 anos.

 


* João Elvas, amigo de Baltasar, segue o cortejo nupcial até ao rio Caia, fronteira com Espanha, seduzido pelo espetáculo do desfile e pelo aparato militar – "Claro está que João Elvas não vai de coche nem a cavalo". Deixou Lisboa e passou Aldegalega "nos primeiros dias deste mês de janeiro de mil setecentos e vinte e nove e ali se demorou assistindo ao desembarque das carruagens e cavalgaduras que vão servir no caminho" (pág. 311).

 

* A João Elvas junta-se uma tropa de vagabundos, vadios e pedintes, que deseja acompanhar o cortejo real, na "mira de sobejos e de esmolas" (página 313).

 

* O rei sai de Lisboa de madrugada e junta-se à comitiva em Vendas Novas, pelas quatro horas da tarde (página 318). Aqui, um nobre conta a João Elvas os gastos exorbitantes  gastos pela corte na construção de um sumptuoso palácio só para a passagem da comitiva em Vendas Novas - crítica à dissipação descarada do erário público (página 316).

 

* A caminho de Montemor, o rei é apanhado por uma forte tempestade (página 318), que irá atolar também o carro da rainha, que vem mais atrás, obrigando os animais e os homens, entre eles, ironicamente, João Elvas, a um esforço suplementar para retirar o carro do atoleiro. As más condições atmosféricas atingem todos. Aqui não há distinções sociais... Aliás, as péssimas condições climatéricas continuam a verificar-se entre Montemor e Évora.

 

* João Elvas e Julião Mau-Tempo (este último apelido parece uma ironia do destino!...) falam de Baltasar Sete-Sóis e do seu voo na passarola.


* No percurso, a comitiva real cruza-se com um "lastimoso espectáculo de grilhetas", em que um grupo de homens atados  está a ser levado, contra sua vontade, para Mafra – "Saiba vossa alteza [D. Maria Bárbara] que aqueles homens vão trabalhar para Mafra, nas obras do convento real" (pág. 325).

 

* A infanta sai, assim, do país sem conhecer o convento edificado para agradecer o seu nascimento – "aqui estou eu indo para Espanha, donde não voltarei, e em Mafra sei que se constrói um convento por causa de voto em que fui parte, e nunca ninguém de cá me levou a vê-lo" (pág. 326).

* O cortejo passa por Évora e chega a Elvas, oito dias após a partida de Lisboa, ao mesmo tempo que os reis de Espanha entram em Badajoz. Salvas de artilharia fazem-se ouvir de um e do outro lado da fronteira, de tal modo que "quem aqui tivesse vindo desprevenido julgaria que estaria para travar-se uma grande batalha" (página 328).

* A 19 de janeiro, chegam ao Caia o rei, a rainha e os infantes, a que se segue a cerimónia da troca dos príncipes e princesas peninsulares (páginas 330-331). 

JMS

 

 

309-331

 

Escrito e publicado por

Joaquim Matias da Silva

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© Joaquim Matias 2008/2014

 

 

 

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