Camilo Castelo Branco
Fernando Pessoa
José Saramago
Sttau Monteiro
Outros
José Saramago
 

MEMORIAL DO CONVENTO - Sequências narrativas

 

Capítulo

SEQUÊNCIAS NARRATIVAS Págs.

XVI

 

* Reflexão crítica sobre o valor da justiça em Portugal, que anda "com a sua venda nos olhos, a sua balança e a sua espada (...). Dos julgamentos do Santo Ofício não se fala aqui, que esse tem bem abertos os olhos, em vez de balança um ramo de oliveira, e uma espada afiada onde a outra é romba e com bocas" (página 195).

 

* Num naufrágio no Tejo, de regresso de uma caçada, morre o infante D. Miguel, irmão do rei. O outro infante, o malvado D. Francisco, o que arrastava a asa à rainha, cobiçava o trono e espingardeava sobre os marinheiros que andavam nos mastros, esse salvou-se, "quando honrada justiça seria o contrário" (página 196).

 

* O rei perde a demanda em que andava a coroa com o duque de Aveiro, desde 1640, pelo que terá de devolver a quinta em S. Sebastião da Pedreira, local onde a passarola foi construída (página 196).

 

* A passarola, entretanto, está construída e o Pe. Bartolomeu manifesta a vontade de experimentar a máquina para, depois, a apresentar ao rei (pág. 197).

 

 

* O padre Bartolomeu Lourenço revela os seus temores da Inquisição, pois o voo é entendido como arte demoníaca.  – "Um balão é nada, (...) voe agora a máquina e talvez que o Santo Ofício considere que há arte demoníaca nesse voo, e quando quiseram saber que partes fazem navegar a máquina pelos ares, não poderei responder-lhes que estão vontades humanas dentro das esferas" (pág. 193).

 

* O Padre critica o Santo Ofício e pensa que o rei também se lhe submete - "El-rei, sendo caso duvidoso, só fará o que o Santo ofício lhe disser que faça" (página 178).

 

* Preparativos para o voo da passarola. Apelo ao anjo S. Custódio (páginas 179-200).


* Concretização da viagem da passarola voadora pelo padre Bartolomeu, Baltasar e Blimunda – "Agora, sim, podem partir. O padre Bartolomeu Lourenço olha o espaço celeste descoberto (...) A máquina estremeceu, oscilou como se procurasse um equilíbrio subitamente perdido, (...) girou duas vezes sobre si própria enquanto subia, (...) erguendo a sua cabeça de gaivota, lançou-se em flecha, céu acima (...) Ah, e Baltasar gritou, Conseguimos" (págs. 2002-203).

 

* Mais uma vez, Bartolomeu, Baltasar e Blimunda são identificados com a santíssima trindade - "O padre veio para eles e abraçou-se também, subitamente perturbado por uma analogia, assim dissera o italiano, Deus ele próprio [padre], Baltasar seu filho, Blimunda o Espírito Santo" (página 203).

 

* A passarola sobrevoa Lisboa e Bartolomeu vê do alto os oficiais do Santo Ofício a dirigirem-se para sua casa para o prenderem (página 204).

*Scarlatti atira o cravo para um poço da quinta para não ser perseguido pelo Santo Ofício (página 205).

 

* Ninguém repara na passarola, excepção feita a uma mulher que, no restolho, com um homem por cima, julga, em pleno ato de amor, estar a ter visões (página 207).

 

* A passarola passa sobre Mafra – "O vento mudou para sudeste (...) Estão os três voadores à proa da máquina, vão na direcção do poente (...) É Mafra (...) Baltasar grita, É a minha terra, reconhece-a como um corpo. Passam velozmente sobre as obras do convento, mas desta vez há quem os veja, gente que foge espavorida, gente que se ajoelha ao acaso e levanta as mãos implorativas de misericórdia, gente que atira pedras, o alvoroço toma conta de milhares de homens, quem não chegou a ver duvida, quem viu jura e pede o testemunho do vizinho, mas provas já ninguém as pode apresentar, porque a máquina afastou-se na direcção do sol, tornou-se invisível contra o disco refulgente, talvez não tivesse sido mais que uma alucinação, já os cépticos triunfam sobre a perplexidade dos que acreditaram" (pág. 208).


* Final da viagem num sítio desconhecido. O padre Bartolomeu Lourenço, num ato de desespero, com medo da Inquisição, incendeia a máquina  – "Está doente o padre Bartolomeu Lourenço, não parece o mesmo homem" (página 207).

 

*  Baltasar e Blimunda impedem a destruição completa da máquina - "havia um clarão como se o mundo estivesse a arder, era o padre com um ramo inflamado que pegava fogo à máquina (...) Baltasar cobria com terra a fogueira (...) Por que foi que deitou fogo à máquina (...) Se tenho de arder numa fogueira, fosse ao menos nesta" (pág. 207).


* Bartolomeu Lourenço desaparece e Blimunda e Baltasar regressam a Mafra, depois de camuflarem com ramos das moitas, na serra do Barregudo, o que restou da máquina voadora – "O padre Bartolomeu Lourenço não voltou (...) Levaram dois dias a chegara Mafra" (págs. 213-214).

 

* Chegada de Baltasar e Blimunda, dois dias depois, a Mafra, após terem feito um largo rodeio, para fingir que vinham de Lisboa.

 

* Procissão em Mafra, em honra do Espírito Santo, que sobrevoou as obras da basílica, abençoando-as, como acreditavam os habitantes da localidade (página 214).

JMS

 

 

195-214

 

Escrito e publicado por

Joaquim Matias da Silva

Voltar

 

© Joaquim Matias 2008/2014

 

 

 

 Páginas visitadas