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MEMORIAL DO CONVENTO - Linguagem e estilo

 

Em Memorial do Convento, torna-se notória a fuga às regras da gramática normativa tradicional na utilização da pontuação, o que confere ao texto fluidez rítmica, aproximando-o do discurso oral ou do ritmo do pensamento. É normalmente a vírgula que separa as falas das personagens. Os pontos de exclamação e de interrogação são omissos, assim como qualquer referência do narrador a estes tipos de entoação, o que, contudo, não impede o leitor de os percepcionar. Evidente também é o hibridismo de tipologias discursivas, pois o narrador utiliza os discursos directo, indirecto e indirecto livre, sem proceder às demarcações tradicionais ao nível gráfico (dois pontos seguidos de travessão) e lexical (recurso aos verbos que introduzem o discurso directo como declarar, perguntar, acrescentar, etc.).

 

As frases e a ausência de pontuação favorecem a pluralidade de vozes que se observa em Memorial do Convento. Com efeito, a estrutura sintáctica infringe intencionalmente a norma, prestando-se a leituras que alternam o discurso escrito com o discurso oral e, sobretudo, com um discurso monologado que resulta da mistura de vozes que se produzem no pensamento das personagens.

 

Várias são as marcas linguísticas e estilísticas: a metáfora, a ironia, a hipálage, as oposições, as frases longas, os paralelismos de construção, a enumeração polissindética, a utilização do registo de língua familiar e popular (com sentido irónico e crítico ou como forma de tradução do estrato social das personagens), utilização do gerúndio, do presente do indicativo, do modo imperativo…

Joaquim Matias da Silva

 

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© Joaquim Matias 2008

 

 

 

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